domingo, 24 de maio de 2015

SEM IDENTIDADE

Oh, mutabilidade minha tão real, quem sou após ser depois de uma noite tudo o que já fui? O que serei de novo, sempre o mesmo, sempre igual?
Identidade perdida, quando sempre repetida o próprio ser, que nasce e renasce,
Igualmente o mesmo, com o medo de morrer, diferente,
Para a si mesmo convencer,
Que existe, que é?

Somos capazes de ser alguma coisa além do que sempre fomos?
O que somos mais, senão nós mesmos, apenas? O que somos além de um disco somente,
Um novo envelhecimento de um vinil, que nos toca, quando tocados somos pela frigidez de uma agulha velha e empoeirada....
Que sempre toca, e cada vez mais
Nos arranha, cada vez mais nos envelhece,
Cada vez mais se repete, sempre igual
Com dois lados apenas, duas faces talvez?
O claro e o escuro
Assim como a lua, somos cobertos e descobertos pelo Sol?

Identidade pluricelular, o que és em mim a tua voz minha singular?
O que é a minha identidade hoje, agora, que penso e falo e morro...?
O que é ser alguma coisa nesse mundo de identidades vulneráveis, reformáveis, reinventáveis ???
De máscaras perfeitas, de trajes e camuflagens, de sonhos volúveis e caras maquiagens 
O que é ser um humano querendo ser Deus? É ser o descobridor de sua identidade?
O que é Deus afinal, depois de tantas humanas identidades seculares? Não é ele ainda a não identidade? 

O que acontece quando perco a memória de tudo? O que faço para perder de propósito os propósitos desse mundo? Viver sem ter que pensar... Na morte? Ou simplesmente aceitá-la, como uma coisa natural, sim, ela é extremamente natural, noticiável, festejável e até diria, por muitos, desejável...
Um biscoito de chocolate branco.... um creme no café.... uma herança milionária... talvez ela seja o rosto final da nossa identidade inicial, o perfume que nos une, e nos faz querer nos matar, assim, com tanta volúpia e insensatez....
A nós mesmos, há tanto tempo, se matando, se morrendo, juntos,
Nessa história humana de sangue e genocídios de identidades do Eu
Identidade cultural da morte do que se viveu
Individual
Quem somos nós, depois de tudo
Afinal?
Quem nunca perdeu a própria identidade que atire a primeira pedra no caminho!,
Ou perca-se nele, perca-a sem mais demoras,
Já!


FC



                                                      L'IMPERO DELLA LUCE

Um comentário:

  1. Lindo!! quem pensa na morte ,é sempre aquele que mais gosta da vida,pq tem medo que ela acabe,ter conciencia da finitude da vida é coisa de gente sábia,assim se vive um dia de cada vez,e se valoriza e se identifica o que interessa,a propria vida,os abraços,as pessoas que amamos,a grandeza do universo....os pequenos prazeres,o belo

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