quinta-feira, 28 de maio de 2015

A VISITA

Solene olhar desperto, talho do meu rosto assim tão cedo exposto,
E descoberto, solene olhar sofrível na minha mais íntima intenção,
jovem aspiração poética, numa noite sombria de tessitura cética,
uma sombra ou assombração, assim estranha, imóvel no contorno
da porta infiel, revirava as minhas entranhas, desconjuntando a minha fé,
onde até os anjos eram ateus, e sonhos não eram meus, pois eu vi nos
teus olhos turbulenta aparição, uma névoa indecifrável de atípica serração,
Quanto fizeste da minha humilde criação, uma página a mais em branco
nos tantos rostos inescrutáveis fugidos de mim aos prantos, apavorados
com os meus silêncios aflitivos, incomodados com os meus encantos esquistos, os estranhos modos de uma reversa misantropia, quando sofremos por ver demais, demasiadamente humanos olhos fingidores de uma escusável miopia para assim poder não ver o óbvio tão notável do todo que nos cerca enquanto
uma cerca se fez em mim, nessa noite tardia de estrelas ardentes no céu, eu dormia e sonhava com a tua promessa, ainda morna na luz de teus olhos
quentes, cujo brilho refletia as palavras que há tanto tempo minha Alma não ouvia, repousando em efêmero terreno, ela em paz se debatia...

E surda não ouvia as palavras meigas que o silêncio lhe trazia, através
Do brilho desse olhar que tanto me fugia, mas me fazia falar, sobre o
Ímpeto da vida, uma vontade renascida em tal alma ressurgida quando
Assim sem mais nem menos, nessa noite aparecida de celeste voz ungida
Senti as mãos retorcidas e o peito de dor fremia, enquanto teu rosto
Aquarelado no espelho sem retrato, desfigurado pelo esquecimento da
Moldura, o meu nome me dizia, cada sílaba de sua nomenclatura tua sóbria
Voz me repetia, e eu sem saber se era memória ou loucura, no silêncio declamante me afligia, agitado em sobressalto sobre um encanto cuja magia inefável do etéreo inexpressável sentido, chegava sentir o ser apavorante pairando como um cisne negro dominante invasor do meu espelho, e ele sorria enquanto dizia as palavras que há tanto minha alma não ouvia, e eu não sabia se era plexo lunar do acúmulo de sonhos mal dormidos, ou pura psicopatia, delírio sóbrio,inexplicável psicologia, simplesmente não sabia de fato o que ali acontecia, aquelas belas palavras que ouvia...

nao sabia , nao sabia nada desse mundo tão concreto, de tijolos tão incertos,
onde os muro nos abraçam sem consentimento e nao pedem para crescer, onde
as árvores que nos cercam de olhares assim tão verde, não avisam sobre os dias que lhes restam, sobre as folhas que ainda tem, nem quando irão morrer, se com frutos ou sementes, se com serras ou com dentes....e como tudo que nos toca, como toda dissipável solidão que nos envolve desaparecem sem dizer adeus, somem assim sem perceber que percebemos, e sentimos no desespero de cada folha desaparecida, a dor do desaparecimento,
e o milagre eterno suspirante desse delírio angustiante , dessa força chamada
Vida, oh Vida minha do peito desaguado, volte para ser cumprida, alma tão
sofrida, pare e escute o silêncio e as palavra que há tanto tempo tua alma
não ouvia....
somente se aturdia com um coro espectral, mas agora, o que vivia? ou voz real e tangível cujo timbre em sustenido suspendia meu esqueleto ao ar nubente, sendo noite ou sendo dia, pois o tempo assim sumia, ou fantasmagórica alegoria, solitário no meu mundo sozinho enlouquecia com tão atroz fantasmagoria, quando a voz me repetia, e insistia, a inconfundível voz menina, o meu nome em silencio dizia, e as palavras que ha tanto essa minha alma  em desencanto não ouvia, nao sentia como um planta num vaso sem decanto, não floria...
Nao vivia, e assim, no silencio absoluto e total ela ficou imaginando se tudo que viveu, ou que vivia, tinha sido um sonho de amanhecer, ou somente a voz silenciosa de uma pétala de rosa, morta, sombria e esquecida....

as palavras que há tanto tempo minha alma não ouvia!!!



FC




                                                                  LA VISITA 

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