domingo, 17 de maio de 2015

NÁUFRAGO

Cada árvore que deixamos para trás talvez nunca tenha existido
Os pássaros dos teus caminhos agora serão os teus pássaros
Como as folhas que cairão aos meus pés serão as minhas folhas
Talvez nós nunca nos encontramos sequer por um único instante
E tudo isso nao passou de um esquecimento que dói para esquecer
Uma incisão nos pensamentos que jamais existiram de verdade
Tudo isso que passou, foi uma civilização enterrada pela poeira
E pelos ossos humanos que ainda esperam para serem descobertos
Precisaríamos de arqueólogos, de fotógrafos, de especialistas mil
Para nos descobrirem e talvez assim, desenterrarem o que de fato
Aconteceu, os fósseis do passado demolidos sobre nós, somente
Assim poderíamos ter uma certeza de que algo realmente existiu
Através dos fatos e não dos esquecimentos, através dos laços que
Nos unem, e não dos apagamentos de todos os mundos da civilização
Moderna e passada, morta, enterrada, numa profecia solene que
Dizia, amem agora, para não serem amantes depois de mortos
Escavem os corpos vivos dentro de vós, seres pulsantes e mortais
Jamais escutei os homens que convivem com os esqueletos do pó
Somente assim posso me libertar de teus ossos que ainda pairam
Sobre minha carne machucada, uma desaparição, como o pó do
Nada, do concretismo absoluto da forma à total abstração do
Informal, amoral sei que somos quando podemos e queremos
Ser, mas sobre tudo, humanos fantasmas ainda não sobrevivem
No reino do mundo animal...sem um coração, um endereço, e um

Digno presente, belíssimo ponto final...


FC



                                                                  SIRENA MIA

2 comentários:

  1. QUANTA INSPIRAÇÃO !!!!! EU GOSTO MUITO .....MUITA SENSIBILIDADE ......BJUS DE LUZ....

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  2. esse texto tem tem um estilo mais sobrio, mais equilibrado...👏🏼👏🏼🔝

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