domingo, 17 de maio de 2015

O DEDO DE DEUS

O anjo umbilical, após a invisível corrente que nos une
Como não ser mais que humano nas peles de um animal?
A voz suave tocante no berço bascular, os agudos iniciais
Chamados dos filhos gritantes, como não transformar-se
Numa flor exuberante quando dos amores calmos viemos
As chuvas dos cálices cintilantes, os torpores de uma lira
Faiscante, quando em teus olhos assim vibrei, os meus
Pedaços de caminhos corrigidos, os meus sonhos infinitos
E os meus dias germinais? Como não estabelecer um vínculo
Com os homens dessa Terra, quando as folhas que nos tocam
São de almas vegetais, quando as gotas que nos roçam, são
Dos mesmos temporais que nos encostam e nos abrigam
O celeiro e a plantação, a alma que une os corpos num
Pedaço de solidão, pois do infinito somos o celeste grão,
E do mito, a multiplicável religião, à quem todos toca,
À quem todos fala e permuta o corpo e o coração, não
Importa qual fronteira, seremos sempre um só cisne
Dançando no lago sem fronteiras, no infinito do coração
Seremos os flocos das neves juntas no jardim, e as frutas
Sem lágrimas, escorrendo dentro daquilo que chamamos
Fim, a cesta do universo sideral, a cornucópia dos deuses
Nossos amantes pagãos, nossos eternos presentes futuros
Quando te olho, te enxergo, e sorrindo, lhe estendo a mão!



FC



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TIZIANO

2 comentários:

  1. Fica difícil encontrar adjetivos p te parabenizar ! mas, leva todos os aplausos .... Bj de Luz Dourada para lhe dar Cada vez mais, inspiração !!! Bjus de luz

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