sábado, 23 de maio de 2015

MEDITERRÂNICOS MEDOS

O silêncio sem fim , do nada do nada
As mudas palavras, cegas
Múmias andam pelas estradas,
atravessam poentes e canais
Anões cantam pelos jardins
Os silêncios nunca nos revelam
Somente falam sobre os crimes
Que cometemos
As culpas que ainda restam em
Mim

Sofri o gosto da esperança calada,
Dando risada na frente do espelho
Tinha vergonha de sorrir na frente
Dos outros, mas também de sentir
Medo, tinha vergonha de mim mesmo

Chorando as pétalas caídas do meu rosto
O gosto de um ser humano tão passado
Eu vivia sem presente, mal amado,
Transformando o carinho entusiasmado
Num tirinho amargo de um velho barato,
Escondido na gaveta, o velho pó da vida
A poeira escondida dentro do armário....
Frio, umido e mofado!

Perdia-me dentro de um ser humano sem fim
Sempre perdido nos algo possíveis impossíveis
Dentro de nós, o mundo sem final, a nossa
Velha bola de cristal, cruzando com bruxos
E ciganos, com cegos adivinhos e profetas
Morganas e Tirésias! Sentia o resto do infinito 
Nos sonhos dos teus olhos, chorando comigo, 
O pedaço de destino para sempre perdido, 
Era isso o que não recuperaríamos jamais, 
A leveza dos instantes secretos, tão repletos 
De NÓS
E as fugas dos nossos tempos de beleza, tão
Fugazes, como os sóis poentes de Veneza,
quando paravas o mundo inteiro e me dizias:


  “Não, não olhes para trás!, Não tenhas medo da escuridão ,
E quando apagarem a luz, lembre-se dos meus olhos calmos
Na luz dentro de ti, brilhando como uma gôndola serena e tranquila,
Boiando sobre a oceânica solidão do oceano imune das nossas vidas.”


FC
  
  



                                                           IL MARE NOSTRO



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